"O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam"

Guimarães Rosa

5 de jun. de 2011

NÃO É COISA DE LOUCO


Dianna Schmeiske*

Confissões de um empresário bem sucedido:
“Hoje foi um dia difícil, sinto um insistente nó na garganta e um aperto no peito, embora procure nos contatos de telefone e nos velhos amigos, fica a sensação de não ter com quem conversar, pois existe em mim, um receio em parecer fraco ou ser mal interpretado. Gostaria de ser poupado do olhar espantoso ao contar meus tropeços e de obter atenção em cada palavra externada. Na última conversa com um amigo tive minhas preocupações subestimadas, me cansei de conselhos prontos e frases clichês. Minhas emoções estão todas trancadas em um quarto escuro, mal posso ver e tenho medo de acender a luz, tamanha a desorganização interna que me encontro, mas preciso dividir o peso com alguém que me ajude a organizar essa bagunça.”
Eis aqui o trecho de uma carta, um pedido da alma por alívio e saúde da mental.
Talvez seja algo que você tenha vontade de dizer, também pode acontecer quando escutamos uma música em que o compositor traduz exatamente o que se passa conosco.
Às vezes carregamos malas abarrotadas de entulhos e objetos desnecessários, que insistimos em levar, não importando quão longo será o caminho. E depois de muito caminhar, os pés começam a reclamar, os braços doem e paramos no meio da estrada percebendo que não se vai muito longe sozinho. Neste momento a única saída é admitir e pedir ajuda. Seus familiares estão ocupados demais, e o restante das pessoas que você conhece parece ter soluções para tudo! Você só quer alguém que ouça, e não uma receita de bolo.
E o psicólogo?
“Imagina, isso é coisa para louco, que eu saiba não tenho nenhum transtorno, não é para tanto.”
A frase acima não é tão assustadora, pois ainda ouço. Embora a procura por profissionais da psicologia tenha aumentado, ainda existe certo estigma acerca do verdadeiro trabalho oferecido por parte dos mesmos.
É comum que se espere de uma coluna sobre comportamento e psicologia, um texto relacionado à ansiedade, aos transtornos alimentares, às disfunções sexuais, e depressão. Afinal, são assuntos pertinentes à área.
Todavia, ressalto sem sombra de dúvida, o quão importante é, conscientizar-se acerca do verdadeiro sentido em fazer terapia. Dentro do Setting (ambiente) terapêutico não existe o que apenas escuta e o que apenas fala, é uma relação de troca. E quer saber? Pode ser que você queira ficar em silêncio, e o silêncio também é um som, que, às vezes, diz muito mais do que a sonoridade das palavras, mas o importante mesmo é que de fato existe empatia nessa relação. Alguém disposto a estender as mãos á quem o procura e pensar realmente no que se passa do outro lado da barreira física.
A terapia é mais que tratar compulsões e transtornos, sua dimensão vai além, poderia ficar horas citando os benefícios. Ninguém é autosufisciente, até mesmo o psicólogo procura outro psicólogo.  Priorizamos tantas coisas e nos esquecemos que cuidar de nossas emoções é a chave do sucesso e da felicidade para fluir nas demais áreas da vida.
            Por isso, convido você a se permitir essa linda vivência.

* Dianna Schmeiske é psicóloga e ex-aluna do Cesumar.

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