"O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam"

Guimarães Rosa

18 de set. de 2011

COMPORTAMENTO DE RISCO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS


Bruna Santa Rosa Rizzieri*; Lara Fernanda Rodrigues Afonso**
O presente artigo faz parte de uma pesquisa quantitativa realizada no ano de 2010 e que buscou identificar os comportamentos de risco mais comuns entre jovens universitários. Os participantes pesquisados foram 20 alunos de ambos os sexos escolhidos aleatoriamente, cursando o 3º ano do curso de Administração no período Noturno com idade variando entre 20 e 25 anos. Para a realização da coleta de dados, fizemos a aplicação de um questionário composto de 30 perguntas, com o objetivo de levantar dados a respeito dos comportamentos de risco mais freqüentes apresentados entre os 20 alunos entrevistados, dentre os quais podemos citar: segurança no trânsito, agressão corporal, tabaco, alcoolismo, drogas, anabolizantes, comportamento sexual; nutrição e suicídio.

VULNERABILIDADE E RISCO
Diversas são as discussões a respeito de crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social, contudo é um desafio bastante complexo definir exatamente quem faz parte desta população. O conceito de risco estende-se hoje para variáveis sociais e do comportamento, o que lhe confere maior abrangência. O risco é uma proposição técnica que associa o conceito de vulnerabilidade a probabilidade de dano ou resultado indesejado. Paralelamente surge o conceito de fator protetor, utilizado como mecanismo basicamente de prevenção, mas que pode também visar qualidade de vida. Assim sendo, uma criança será considerada em situação de risco quando seu desenvolvimento não ocorrer conforme o esperado para sua faixa etária e para os parâmetros de sua cultura. Fatores de riscos associados ao desenvolvimento abrangem características individuais ou ambientais, como sexo, habilidades sociais, e genéticas.
           
COMPORTAMENTOS DE RISCO
A expressão comportamento de risco pode ser definida como participação em atividades que possam comprometer a saúde física e mental do adolescente. Muitas dessas condutas podem iniciar apenas pelo caráter exploratório do jovem, assim como pela influência do meio (grupo de iguais, família); entretanto, caso não sejam precocemente identificadas, podem levar à consolidação destas atitudes com significativas conseqüências nos níveis individual, familiar e social.
Para uma avaliação de comportamento de risco na adolescência, é necessário antes de tudo, haver um entendimento da dimensão psicossocial, na qual o jovem está inserido. Vivemos um período de intensa pressão socioeconômica, no qual os adolescentes fazem parte de uma população ativa profissionalmente, muitas vezes com grande parte de contribuição na renda familiar. Por outro lado, a violência intra e extra-familiar tem atingido proporções alarmantes, e os jovens podem ser tanto vítimas como agressores.
            Os resultados observados através da pesquisa realizada com jovens universitários confirmaram alguns aspectos comuns à adolescência, considerada como período do processo de crescimento e desenvolvimento, caracterizados por grandes transformações biopsicossociais, iniciando-se com a puberdade e terminando no final da segunda década da vida. Nesse período (aproximadamente aos vinte anos de idade), encerra-se a adolescência dando lugar a fase adulta, é o momento em que o jovem concretiza suas idéias a respeito de como deve ser seu comportamento. A respeito disso pode-se dizer que é um período de crise vital, no qual o indivíduo necessita reavaliar algumas condições nas quais vivia confortavelmente. Aberastury (1992) considera esse período como um momento por onde o adolescente passa por desequilíbrios e instabilidades extremas, o que ele considera como “síndrome normal da adolescência”.
            Ao mesmo tempo, o fato de estar ingresso na faculdade, induz o adolescente a várias situações: desde a preocupação com sua imagem até suas atitudes perante as pessoas. Devido a essas influências do meio externo, que neste caso é a faculdade, o jovem age por impulso, e pode esquecer-se de seus princípios reais, de modo a se importar somente com a opinião dos outros sobre ele.
            Outro elemento que tem grande participação no contexto dos jovens universitários é o preconceito, abrangendo os mais diversos assuntos, como: estrutura física, sexualidade, e estilo de roupas. Quando se trata de universidade, podem ser encontrados os mais diferentes estilos de pessoas, já que os universitários são na maioria jovens e cada um com seu próprio estilo. Há uma preocupação constante presente no modo de vida da maioria desses jovens, já que dos vinte entrevistados, quatorze alegaram estar insatisfeitos com seu peso corporal.
Por fim, podemos notar que os comportamentos de risco na adolescência envolvem principalmente o uso de drogas, tabaco, álcool e a atividade sexual. A diminuição da incidência de tais comportamentos apresentados pelos jovens universitários está atrelada a elaboração de estratégias, tais como campanhas contra o alcoolismo, drogas e outros assuntos a esses relacionados, realizadas pelos próprios jovens; palestras sobre os problemas enfrentados na idade adulta devido a comportamentos inadequados anteriormente; dramatizações, a fim de conscientizá-los sobre as tragédias que podem pôr em risco não somente a sua própria vida, mas também a vida de outras pessoas.
           
*Bruna Santa Rosa Rizzieri é acadêmica do curso de Psicologia do Cesumar
** Lara Fernanda Rodrigues Afonso é acadêmica do curso de Psicologia do Cesumar

Para saber mais:
ABERASTURY, Arminda; KNOBEL, Mauricio. Adolescência normal. Porto Alegre, Artes Médicas, 1981.
CARVAJAL, Guillermo. Tornar-se adolescente: A aventura de uma metamorfose. São Paulo: Cortez, 2001.
LACERDA, Catarina. Adolescência: Problema, mito ou desafio?. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
SAITO, M. Ignes. Adolescência: Prevenção e Risco. São Paulo: Editora Atheneu, 2001.

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