Irene Romano Zafalon*
Constantemente
somos bombardeados por impressões ilegítimas do mundo, e que vão embaçando,
confundindo nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Tem sido difícil
sermos autênticos neste mundo alucinado, encontrarmos harmonia, vivermos com
"qualidade de vida".
Mas,
enfim, o que é ter qualidade de vida? Nunca se falou tanto em qualidade de
vida...
Sem
apologias, ter qualidade de vida não é apenas praticar atividades físicas todos
os dias, comer cereais integrais, tomar dois litros de água, dormir oito
horas... ou ainda, ter o carro do ano, casa na praia, o trabalho dos sonhos,
“ser magro”, etc. Sem querer questionar, tudo isso pode ser importante
(também!), mas é imprescindível buscar, sobretudo, um tempo para a nossa
subjetividade, buscar o autoconhecimento, ou seja, encontrar um equilíbrio
biopsicossocial.
A nossa
qualidade de vida deve ser desenvolvida por nós mesmos, do modo como estamos
neste momento e de acordo com nosso nível de necessidades; o que se tem,
pregado, basicamente, são modelos estereotipados.
Cuidar
bem de nós mesmos não só implica seguir o manual de bons cuidados com a
"máquina", mas compreender como funciona todo o circuito humano, já
que não somos meros robôs que podem ser programados. Sofremos emoções a todo o
momento que alteram nossos programas e nos causam curtos, surtos.
Chegamos
ao ponto chave! Buscar qualidade de vida é, também, ter acesso às nossas
legítimas emoções, para assim, entendermos a carga de afeto que colocamos sobre
nossas escolhas e por que muitas de
nossas escolhas nos afligem, são tão difíceis e inatingíveis.
Ter
consciência da maneira como atuamos sobre o mundo, nos proporciona sermos nós
mesmos, capacitarmos para levar adiante nossos projetos e metas.
A ciência tem comprovado o quanto somos seres
complexos. Não há como encontrar equilíbrio agindo mecanicistamente; somos
seres dinâmicos e, assim, na medida em que desenvolvemos nossa capacidade de
perceber e compreender nós mesmos e o mundo estaremos promovendo a
transformação deste, e, por conseguinte, também sendo transformados por ele.
Quando
aprendemos decidir integralmente, ou ter autoridade sobre
nossas emoções e reações, o que implica
em “autoconhecimento”, este orbe desvairado deixa de ser tão incompreensível e
passa ter contornos reais e com isso as vivências podem ficar
mais leves e saudáveis, pois depositamos nestas mais energia boa que está
disponível .
Mas, será
mesmo possível ter autoridade sobre nossas emoções, para liberar mais energia
boa, promover melhores escolhas e por conseguinte obter uma melhor qualidade de
vida? Cientificamente, a Psicologia tem
demonstrado que sim, que, embora o contexto social mude, nossos sentimentos
continuam sempre os mesmos, amamos, odiamos, enfim; o mundo evolui e nós
podemos e devemos ter a compreensão de nossa
maneira de ser, saber de onde vêm nossos sentimentos e reações, para,
assim, podermos atuar efetivamente, de forma integrada à realidade, obtendo
escolhas mais assertivas, e, dessa forma , criando um campo mais favorável para
transitarmos e sermos felizes com novas
significações, representações e
identificações.
* Irene Romano Zafalon é aluna do 5°ano de
Psicologia (CESUMAR).
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