"O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam"

Guimarães Rosa

4 de mai. de 2012

PENSO ASSIM... "EU... EU MESMA"


Irene Romano Zafalon*

Constantemente somos bombardeados por impressões ilegítimas do mundo, e que vão embaçando, confundindo nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Tem sido difícil sermos autênticos neste mundo alucinado, encontrarmos harmonia, vivermos com "qualidade de vida".
Mas, enfim, o que é ter qualidade de vida? Nunca se falou tanto em qualidade de vida...
Sem apologias, ter qualidade de vida não é apenas praticar atividades físicas todos os dias, comer cereais integrais, tomar dois litros de água, dormir oito horas... ou ainda, ter o carro do ano, casa na praia, o trabalho dos sonhos, “ser magro”, etc. Sem querer questionar, tudo isso pode ser importante (também!), mas é imprescindível buscar, sobretudo, um tempo para a nossa subjetividade, buscar o autoconhecimento, ou seja, encontrar um equilíbrio biopsicossocial.
A nossa qualidade de vida deve ser desenvolvida por nós mesmos, do modo como estamos neste momento e de acordo com nosso nível de necessidades; o que se tem, pregado, basicamente, são modelos estereotipados.             
Cuidar bem de nós mesmos não só implica seguir o manual de bons cuidados com a "máquina", mas compreender como funciona todo o circuito humano, já que não somos meros robôs que podem ser programados. Sofremos emoções a todo o momento que alteram nossos programas e nos causam curtos, surtos.             
Chegamos ao ponto chave! Buscar qualidade de vida é, também, ter acesso às nossas legítimas emoções, para assim, entendermos a carga de afeto que colocamos sobre nossas escolhas e por que muitas de  nossas escolhas nos afligem, são tão difíceis e inatingíveis.
Ter consciência da maneira como atuamos sobre o mundo, nos proporciona sermos nós mesmos, capacitarmos para levar adiante nossos projetos e metas.
 A ciência tem comprovado o quanto somos seres complexos. Não há como encontrar equilíbrio agindo mecanicistamente; somos seres dinâmicos e, assim, na medida em que desenvolvemos nossa capacidade de perceber e compreender nós mesmos e o mundo estaremos promovendo a transformação deste, e, por conseguinte, também sendo transformados por ele.
Quando aprendemos  decidir  integralmente, ou ter autoridade sobre nossas  emoções e reações, o que implica em “autoconhecimento”, este orbe desvairado deixa de ser tão incompreensível e passa  ter contornos  reais e com isso as vivências podem ficar mais leves e saudáveis, pois depositamos nestas mais energia boa que está disponível .
Mas, será mesmo possível ter autoridade sobre nossas emoções, para liberar mais energia boa, promover melhores escolhas e por conseguinte obter uma melhor qualidade de vida?  Cientificamente, a Psicologia tem demonstrado que sim, que, embora o contexto social mude, nossos sentimentos continuam sempre os mesmos, amamos, odiamos, enfim; o mundo evolui e nós podemos e devemos ter a compreensão de nossa  maneira de ser, saber de onde vêm nossos sentimentos e reações, para, assim, podermos atuar efetivamente, de forma integrada à realidade, obtendo escolhas mais assertivas, e, dessa forma , criando um campo mais favorável para transitarmos e sermos felizes com novas  significações, representações e  identificações.

* Irene Romano Zafalon é aluna do 5°ano de Psicologia (CESUMAR).

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